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Pentatletas brasileiras se superam em Cali 2021

Ana Clara Bezerra e Marcela Mello ficaram em 7º e 10º lugar, respectivamente, na disputa individual feminina, marcada por muitos desafios antes mesmo da prova

03/12/2021 02h07
Odenir Fonseca

Ana Clara Bezerra e Marcela Mello em Cali 2021 (William Lucas/COB)

Elas chegaram à Colômbia com muita vontade de aprender e contribuir para um evento de alto nível. E não foi diferente! Ao cravarem o sétimo e décimo lugar, Ana Clara Bezerra, 15, e Marcela Mello, 17, respectivamente, mostraram que fizeram muito mais do que participar da disputa do Pentatlo Moderno na primeira edição dos Jogos Pan-Americanos Júnior, Cali 2021. Elas deixaram claro que a superação é algo que se vive a cada competição.

Na quarta, 1, e nesta quinta-feira, 2, as duas brasileiras participaram do evento individual do Pentatlo Moderno em Cali 2021. Dentre as 23 pentatletas presentes no Clube Campestre de Cali, Ana Clara chegou ao sétimo lugar depois de somar 1.208 pontos. Já Marcela foi à décima colocação geral com 1.121 pontos.

Mais jovem dentre todas as competidoras, Ana Clara foi aos Jogos Pan-Americanos Júnior para uma disputa bem acima de sua categoria. Com seus 15 anos e cinco meses, ela é oficialmente uma atleta Sub-17 no Pentatlo Moderno, duas categorias abaixo da Júnior, que reúne pentatletas com até 21 anos.

“Estou gostando muito da experiência, está sendo muito incrível. Bagagem é o que vou levar, e a vontade de treinar mais para as próximas competições, com certeza. Por eu ser nova acho que isso é um fator que até me impressiona, competir com meninas mais velhas”, conta Ana Clara, em entrevista à equipe de comunicação do Comitê Olímpico do Brasil (COB), em Cali.

No ranqueamento da esgrima, na quarta, a pernambucana teve o quinto melhor desempenho dentre todas as competidoras ao vencer 13 duelos com a espada e perder nove, que lhe garantiram 232 pontos. Mas detalhe, ela competiu pela primeira vez com a esgrima há apenas poucos meses, em fevereiro deste ano.

“Esse foi um ano de bastante superação para a Ana Clara. Classifico esse desempenho como excelente, tendo em vista que ela iniciou na esgrima esse ano”, elogia Almir Claudino, coordenador técnico do PentaJovem-Recife, projeto idealizado e mantido pela Confederação Brasileira de Pentatlo Moderno (CBPM), do qual Ana Clara faz parte.

Já nas disputas desta quinta, Ana Clara começou nadando os 200 metros estilo livre da natação em 2min33s87, convertidos em 243 pontos. Ela passou pela prova seguinte, a esgrima bônus, sem pontuar.

No hipismo, a pentatleta voltou a ter um excelente desempenho, perdendo apenas 2 pontos nos saltos com o cavalo, por estourar um pouco o tempo. Foi o terceiro melhor resultado de toda a equitação, que lhe garantiu 298 pontos.

Além da esgrima, o hipismo também é novidade para Ana Clara em competições, já que ela teve sua primeira prova com a equitação em agosto.

“Consegui trabalhar com ela o busto na posição correta, não saindo para o salto na ‘frente do cavalo’. Algo que reiterei várias vezes que não poderia acontecer. E de fato ela conseguiu, fez uma belíssima apresentação”, avalia Erick Nascimento, treinador de hipismo da CBPM no Rio, e que está em Cali com nossa delegação.

No laser-run, Ana Clara teve outro ótimo desempenho cravando o quarto melhor tempo dentre as 23 pentatletas. A pernambucana terminou as quatro séries de 800 metros de corrida intercaladas com cinco acertos de tiro a laser no alvo em 14min25s, convertidos em 435 pontos. Ela conquistou uma posição na prova, já que largou em oitavo.

“A cada prova, ela veio evoluindo, melhorando suas marcas, ganhando confiança. Esse resultado, sétimo lugar entre as melhores da América Júnior, tendo apenas 15 anos, é surpreendente. Acredito que a gente está no caminho certo. É continuar o trabalho, que vai render bons frutos para o Brasil”, elogia Almir.

Tinha uma lesão no caminho

Já Marcela Mello chegou a Cali com um obstáculo muito maior do que a busca pelas medalhas da competição. A carioca foi ao torneio após pouco mais de um mês de uma séria lesão no ombro direito, causada por uma queda no cavalo durante o treinamento. A recente contusão fez com que tudo se tornasse um obstáculo.

Mas não o suficiente para impedir que ela ficasse no Top 10 da competição, a frente de pentatletas dos Estados Unidos, Canadá, e do próprio país sede.

A carioca começou sua trajetória até o décimo lugar ficando em oitavo na esgrima, depois de vencer 12 lutas e perder 10, que lhe deram 223 pontos. Na natação, ela cravou 2min26s53, convertidos em 257 pontos.

“A natação era sem dúvida uma prova que eu queria ir bem por ser o meu forte. Ter nadado o que nadei foi incrível. Desde que caí na água senti dor, mas falei ‘vou terminar’. Fui fazendo o que podia e fiquei muito feliz com minha marca, que não fazia há algum tempo”, celebra Marcela.

Depois de não conseguir pontuar na esgrima bônus, veio a tão aguardada prova de hipismo. E Marcela iria saltar com o mesmo cavalo que já tinha derrubado e eliminado a canadense Olivia Li, 18, da equitação. Foi a primeira vez que a carioca iria montar desde a queda no treinamento. Ela disse ter ficado assustada até quando se aproximou do animal.

“Assim que entrei na prova só tentava respirar, guiar o cavalo. No final, acabei tendo um problema, porque já não tinha mais perna para segurar o animal, não tinha mais braço para guiá-lo, porque ele era muito forte e, como tinha medo de ele desviar, tinha que segurar muito forte, empurrá-lo, mas ele acabou parando, desviou, e desequilibrei. Quando cai, já cai em cima do braço lesionado. Mas na hora tive todo o apoio, o suporte, dos caras que estavam segurando o cavalo. Me jogaram para cima, e todo mundo gritando, que acho que foi essencial, ter o apoio de outras pessoas que nem conhecia. Consegui terminar a prova e foi um choro danado por ter acabado”, lembra Marcela.

No hipismo, por causa dos problemas que teve, Marcela perdeu 57 pontos, garantindo 243. Foi o 11º melhor resultado na equitação do dia.

“Ela teve muita dificuldade em controlar o cavalo, por causa da lesão no ombro. Apesar da dificuldade, em ato heroico, ela terminou a prova e conseguiu seus 243 pontos”, avalia Erick.

Após o hipismo, Marcela cogitou não disputar o laser-run, mas sua vontade de completar as cinco provas falou mais alto e ela encarou a última disputa do dia. Ali, ela lembrou-se de todo apoio que teve, da família, do namorado, o pentatleta que também compete em Cali 2021, Matheus Nobre, amigos, do técnico e dos demais treinadores do CT da CBPM no Rio e do Centro de Treinamento do COB, no Parque Aquático Maria Lenk, na Zona Oeste do Rio, onde fez parte de sua fisioterapia.

“Para estar aqui já foi uma luta, aqui também apresentei uma luta que não imaginei que teria. Só de terminar a prova, ter conseguido cruzar a linha foi mais uma vitória para mim de todo esse processo que foi bem longo e bem difícil”, destaca Marcela.

A carioca fez bonito no laser-run, ao completar as quatro séries no nono melhor tempo. Marcela iniciou a disputa na 15ª colocação, mas fechou o evento em décimo, depois de 15min02s, convertidos em 398 pontos.

“O que ela fez foi quase um milagre. A colocação dela em si foi maravilhosa, haja vista a situação. Ela foi para a prova praticamente toda remendada. Se ela não tivesse contundido, com certeza ela iria disputar pódio. Mas faz parte do esporte e não dá para ficar se lamentando. Estou feliz por ela. Agora é recuperar a carcaça para continuar dando resultado”, assinala Fábio Corrêa, coordenador-técnico do PentaJovem-Rio, onde Marcela treina.

Fábio ainda destaca a rápida recuperação da carioca após a lesão. No dia seguinte à queda no cavalo, a pentatleta já iniciou a fisioterapia, e dois dias depois, com liberação médica, retomou os treinamentos.

“Ela teve uma recuperação que nem os fisioterapeutas e médicos acreditaram. Em menos de um mês da lesão ela já estava competindo, que foi o caso do Brasileiro, realizado há quase duas semanas. Depois, veio para Cali e conseguiu fazer as cinco provas novamente”, observa Fábio, que também está em Cali.

Marcela agora se prepara para o Campeonato Pan/Sul-Americano, que começa já no dia 14, em Magdalena, na Argentina. Ana Clara volta a competir em Cali neste sábado, 4, no revezamento misto.

A grande campeã do evento individual feminino em Cali foi a mexicana Catherine Lara, 20, que somou 1.326 pontos. A prata ficou com sua compatriota Ana Cecilia Mendieta, 21, que alcançou 1.279 pontos, e o bronze com a argentina Camila Fuenzalida, 21, com 1.265 pontos.

Disputa masculina

Após o evento individual feminino, o Pentatlo Moderno em Cali 2021 segue nesta sexta-feira, 3, com as últimas provas entre os homens. O Brasil terá nelas os cariocas Matheus Nobre, 20, e Matheus Romanelli, que completa 20 anos exatamente hoje.

Os dois até agora passaram pelo ranqueamento da esgrima, na quarta. Dentre os 23 competidores, eles ficaram em excelentes colocações na prova, com Romanelli em terceiro e Nobre em quarto.

No duelo com a espada, o primeiro teve 17 vitórias e apenas quatro derrotas, que lhe garantiram 268 pontos. Já Matheus Nobre venceu 15 lutas e perdeu apenas seis, conquistando 250 pontos.

Nesta sexta, eles voltam ao Clube Campestre de Cali para a natação, a esgrima bônus, o hipismo e o laser-run.

Todos os quatro pentatletas brasileiros que competem em Cali 2021 foram revelados no PentaJovem, projeto que a CBPM mantém para a descoberta e formação de novos nomes na modalidade olímpica. Marcela, Nobre e Romanelli também fazem parte do Bolsa Atleta, do Ministério da Cidadania.

Os dois pentatletas da disputa masculina ainda integram o Programa de Alto Rendimento das Forças Armadas, pela Comissão de Desportos do Exército (CDE).

DELEGAÇÃO

Feminino
Ana Clara Bezerra: 15 anos
Marcela Mello: 17 anos

Masculino
Matheus Nobre: 20 anos
Matheus Romanelli: 20 anos

PROGRAMAÇÃO

3 de dezembro (sexta-feira): Natação, esgrima bônus e hipismo e laser-run masculino
4 de dezembro (sábado): Ranqueamento da esgrima do revezamento misto
5 de dezembro (domingo): Natação, esgrima bônus, hipismo e laser-run do revezamento misto


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