Confederação de Pentatlo Moderno mantém projeto de formação de atletas para que a modalidade tenha mais brasileiros como Yane Marques, bronze em Londres 2012
Enquanto na Inglaterra a brasileira Yane Marques entrava para a história como a primeira pentatleta latino-americana a conquistar uma medalha olímpica, cerca de 70 jovens atletas mantinham, no Brasil, uma rotina de treinamento de olho em pódios semelhantes ao conquistado pela pernambucana. O bronze alcançado pela pentatleta nos Jogos Olímpicos de Londres animou essa turma de competidores.
Todos eles são frutos do PentaJovem, projeto que a Confederação Brasileira de Pentatlo Moderno (CBPM) mantém no Rio de Janeiro e em Recife para a formação de novos nomes na modalidade. Implantado primeiramente na capital fluminense, a tarefa do programa não é fácil: “Formar atletas e desenvolver o Pentatlo Moderno no Brasil”, resume Celso Sasaqui, vice-presidente da CBPM.
A ideia do projeto surgiu em setembro de 2008, como sugestão do Ministério do Esporte. Seis meses depois, em março de 2009, ele estreava no Círculo Militar da Vila Militar (CMVM), em Deodoro, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Desde então, os pentatletas da cidade utilizam o Centro Nacional de Pentatlo Moderno (CNPM), construído no CMVM para os Jogos Pan-Americanos de 2007.
Um ano depois, em abril de 2010, o PentaJovem chegava a Recife. A decisão de expandi-lo para Pernambuco era esperada. “Recife já tinha a vocação e as principais atletas femininas do Brasil”, justifica Celso, se referindo à Yane Marques, Priscila Oliveira e Larissa Lellys, que encabeçam o ranking nacional da modalidade.
Nestes três anos de PentaJovem, os números do projeto são impressionantes. Somando as duas cidades, já foram atendidos mais de 250 jovens. Atualmente são cerca de 40 no Rio e 30 em Recife. Esses dados podem ser alavancados com a expansão do programa pelo país.
“A Federação de São Paulo está iniciando o PentaJovem em Indaiatuba e a Federação do Rio está fazendo sua implantação em Resende. Além disso, Rondônia e Mato Grosso, federações filiadas em 2011, estão montando programas e o Paraná, que está em processo de filiação, está preparando um projeto em Curitiba”, conta Celso.
O vice-presidente da CBPM é enfático ao ver que os objetivos principais do PentaJovem estão sendo alcançados desde sua implantação em 2009. “Saímos de um cenário de 40 atletas participando de competições em 2008 para 230 em 2011. Além disso, conseguimos a classificação de dois representantes do PentaJovem-RJ para os Jogos Olímpicos da Juventude de 2010, em Cingapura”, comemora Celso, se referindo à Mariana Laporte e à William Muinhos.
Contribuições de peso
Tanto no Rio quanto em Recife, a Confederação Brasileira de Pentatlo Moderno contou com importantes nomes para a implantação do PentaJovem. Na capital fluminense, em 2009, o professor de Educação Física Fábio Corrêa comandava aulas de natação e corrida para dezenas de jovens no Círculo Militar da Vila Militar (CMVM).
Com a ideia do PentaJovem, Fábio aceitou de cara o convite para comandar o projeto na cidade. O próximo passo foi o convencimento dos jovens de então a mudar quase que radicalmente de modalidade. Quase todos aceitaram o desafio de acrescentar a esgrima, o hipismo e o tiro às suas rotinas de treinamento.
“Eu acho maravilhoso participar de todas as fases da elaboração de um atleta e ainda conseguir ver os resultados finais. Isso tudo não tem preço”, afirma o hoje coordenador-técnico do PentaJovem-RJ.
Em Recife, quem esteve ao lado da CBPM para dar o pontapé inicial no PentaJovem por lá foi um ex-pentatleta. Michael Cunningham deixou as arenas do Pentatlo Moderno no início de 2009 para se tornar gestor da modalidade na capital pernambucana, um ano depois.
O ex-atleta se formou em Educação Física, se especializando em treinamento desportivo, e logo foi convidado pela CBPM para coordenar e reformular a formação da base do Pentatlo Moderno em Recife. Por lá, os trabalhos começaram assim que a Confederação firmou convênio com o Colégio Salesiano, atual centro de treinamento da modalidade em Pernambuco.
“Tenho muita satisfação em fazer o que faço pelo esporte e mais especificamente pelo Pentatlo Moderno. É como se estivesse dando em troca ao esporte tudo o que ele me proporcionou em toda a minha vida como atleta. Procuro dar o melhor aos atletas e levá-los aonde nunca cheguei”, diz o hoje coordenador-técnico do PentaJovem-PE.
Tanto Fábio quanto Michel apostaram no PentaJovem e hoje são dois dos grandes responsáveis pela maturidade do projeto, três anos depois de sua estreia no Rio.
“Esse projeto é tudo para a CBPM. Só com ele funcionando é que começamos a ter uma formação de atletas consistente que nos permite sonhar com uma boa participação em competições internacionais no futuro, inclusive passamos a sonhar com medalhas em 2016”, analisa Celso Sasaqui.
Revelando campeões
Dos cerca de 70 jovens atendidos pelo PentaJovem tanto no Rio quanto em Recife, há representantes de todas as categorias do Pentatlo Moderno: Sênior, Júnior e Jovem (A a E). Dentre eles, está o atual campeão Brasileiro, Danilo Fagundes.
Revelado no PentaJovem-RJ, o atual número um do ranking nacional pratica esporte desde os nove anos de idade. Até chegar ao Pentatlo Moderno, passou pela natação, corrida, mountain bike, corrida de aventura e triatlo. Danilo fazia parte da equipe de atletas do Fábio Corrêa precursora do projeto na capital fluminense.
Hoje, com 24 anos, sabe da importância do PentaJovem em sua vida de pentatleta e para chegar ao título nacional em 2011. “Acho que ter bastante atleta para treinar é bem legal. Vejo que este projeto dará a esses jovens uma oportunidade ímpar”, acredita Danilo.
Quem também destaca a importância do PentaJovem em sua trajetória de pentatleta é William Muinhos. O carioca de 18 anos conheceu o projeto através do amigo Danilo logo no seu início e até hoje colhe os frutos de sua dedicação.
Ao lado de Mariana Laporte, William representou o país na primeira edição dos Jogos Olímpicos da Juventude, em 2010, em Cingapura. Ela terminou o torneio em 24º e ele em 17º. No ano passado, o pentatleta figurou por alguns meses como o número um da categoria jovem A, segundo ranking mundial da União Internacional de Pentatlo Moderno (UIPM).
“O PentaJovem é de grande importância. Sem esse projeto eu não seria pentatleta, já que não temos mais nenhum lugar aqui no Rio de Janeiro para treinar”, visualiza William, atual vice-campeão Brasileiro.
Enquanto Danilo e William despontam como dois dos pentatletas mais experientes do PentaJovem, Bianca Cavalcanti, do Rio, e Daniel Velasques (Recife) são dois dos mais recentes adeptos do Pentatlo Moderno. Os dois são alguns dos mais novos no projeto e já presenciaram evoluções consistentes em suas marcas pessoais na modalidade.
Bianca foi nadadora dos oito até os 16 anos de idade, em 2011, quando decidiu investir no Pentatlo. O primeiro contato da pentatleta com a modalidade aconteceu na realização de um Biatlo Moderno (corrida e natação) no início do ano passado.
“Foi uma experiência boa e muito importante para eu fazer minha escolha entre a natação e o Pentatlo”, conta a pentatleta, que destaca a importância do PentaJovem-RJ em sua formação. “Acho positivo a oportunidade que temos de nos desenvolvermos em outros esportes”, acredita a carioca.
Daniel Velasques também entrou para o Pentatlo Moderno no ano passado, apesar de ter tido o primeiro contato com a modalidade em 2008. Mesmo com pouco tempo como pentatleta, viajou no final do ano passado para a Argentina para participar do Campeonato Mundial Júnior. Assim como Danilo, William e Bianca, Velasques faz questão de reconhecer a importância do PentaJovem.
“Seria um tanto complicado treinar Pentatlo Moderno sem esse apoio. É um esporte que concentra modalidades caras com equipamentos caros. Pouquíssimas pessoas podem adquirir uma pistola para atirar ou o material de esgrima. Sem falar no hipismo, que talvez seja a modalidade mais cara. O apoio da CBPM é primordial para que consigamos bons resultados e evolução sempre”, visualiza o pentatleta.
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