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Pentatlo Moderno consolida instalações no Rio

01/06/2011 01h28
CBPM

Com Campeonato Sul-Americano da categoria, Confederação Brasileira do esporte realiza mais uma competição internacional na cidade. O Secretário Nacional de Esporte de Alto Rendimento, Ricardo Leyser, enaltece as iniciativas da instituição e confirma que as arenas onde provas serão disputadas estarão mais completas para 2016

O Rio de Janeiro definitivamente se projetou na rota dos grandes eventos esportivos mundiais. Mais do que isso: se fixou nela. Os Jogos Pan-Americanos de 2007 foram somente o embrião de uma onda de competições que passariam a escolher o cenário carioca como papel de parede. O auge da capital fluminense aconteceu há dois anos quando foi escolhida sede dos Jogos Olímpicos de 2016. Até lá, a cidade ainda abraça outras disputas internacionais, como a Copa do Mundo de 2014, os Jogos Mundiais Militares, agora em julho, e diversos torneios das confederações nacionais.

É o caso do Campeonato Sul-Americano de Pentatlo Moderno, que chega nesta quinta-feira, 2 de junho, ao Rio. Como apoio do Ministério do Esporte, o torneio vai reunir até domingo, 5, grandes nomes da modalidade no continente vão passar pelas provas de esgrima, natação, hipismo e o evento combinado de tiro e corrida nas arenas do Complexo Esportivo de Deodoro, na Zona Oeste da cidade. Instalações essas que foram construídas para o Pan de 2007 e hoje se mantêm ativas como legado dos Jogos para a cidade.

Para se ter uma ideia, é lá que a Confederação Brasileira de Pentatlo Moderno (CBPM) mantém a versão carioca do PentaJovem, projeto de formação de novos atletas no esporte olímpico com mais provas a serem executadas. Com a realização do Sul-Americano de 2011, Deodoro se firma como um importante polo de desenvolvimento do Pentatlo Moderno no país.

A constatação é do secretário Nacional de Esporte de Alto Rendimento do Ministério do Esporte, Ricardo Leyser. Em entrevista concedida à CBPM, o gestor público fala da importância do complexo e da necessidade do trabalho que a Confederação vem desenvolvendo no local. Leyser ainda revela os planos que o Ministério tem para Deodoro para as Olimpíadas do Rio.

Analisando a evolução do Pentatlo Moderno no país e se mostrando otimista com a participação dos pentatletas nas próximas competições na Cidade Maravilhosa, Leyser também destaca a visão do Ministério para que o Rio atraia, cada vez mais, competições de nível mundial para a cidade.

Confira a entrevista na íntegra:

1. O Campeonato Sul-Americano de Pentatlo Moderno de 2011 acontecerá no início de junho, no Rio de Janeiro. Qual a importância de se realizar uma competição internacional justamente no local onde teremos os Jogos Mundiais Militares em julho?

Quando construímos o Complexo Esportivo de Deodoro para os Jogos Pan-Americanos de 2007, o Ministério do Esporte já tinha preocupação com o legado que aquelas instalações trariam para o esporte brasileiro. Desde então, mantivemos o complexo com uso intensivo, não apenas para competições dos diversos esportes que as instalações abrigam, mas também para treinamentos e mesmo para iniciação esportiva e projetos de esporte social. Entre o Pan de 2007 e o final de 2010, sediamos 100 eventos esportivos em Deodoro, entre mundiais, sul-americanos, seletivas olímpicas, disputas nacionais, estaduais e locais e inúmeras provas juvenis, além de treinamentos de atletas e seleções do Brasil e de outros países. Poucas instalações esportivas no país têm tanta utilização. A realização dos Jogos Mundiais Militares é parte dessa estratégia de ampla utilização do espaço. O pentatlo moderno vem contribuindo com essa estratégia, tendo realizado competições importantes em Deodoro, entre elas o Sul-Americano Open de 2007, a Final da Copa do Mundo de 2009, o Pan-Americano e o Brasileiro de 2010 e agora o Sul-Americano. Obviamente que fazer o Sul-Americano precedendo o evento militar garante um bom teste das instalações.

2. Que aprimoramentos técnicos os pentatletas que vão defender o Brasil nos Jogos Mundiais Militares podem conseguir ao competir com atletas estrangeiros?

A experiência de uma disputa internacional é inigualável. Nossos atletas necessitam ter essa experiência se o Brasil quiser galgar um espaço mais destacado no esporte mundial. E não é apenas a disputa esportiva em si que conta, mas a convivência com atletas de culturas diferentes, o ambiente numa vila olímpica ou numa concentração, a observação de novas técnicas e comportamentos, aclimatação… Tudo contribui para o aperfeiçoamento técnico. É importante que nossos atletas estejam atentos ao esporte praticado nos países que mais se destacam na modalidade para extrair deles ensinamentos sobre o que se deve ou não deve incorporar nas rotinas de treinamento e competição aqui no Brasil.

3. A mídia esportiva tem apontado o desempenho da pentatleta Yane Marques nos primeiros meses de 2011 como um dos mais destacados entre os competidores brasileiros em modalidades individuais. Que impactos o senhor vê para esse momento da vida da atleta com um possível título mundial agora em julho?

Antes de a Yane se tornar conhecida, poucos brasileiros já tinham ouvido falar do pentatlo moderno, esporte pouco divulgado no país. O desempenho dela tem sido extraordinário inclusive para projetar o esporte no Brasil. O quinto lugar na Hungria foi fantástico. Acredito que a melhora da performance da Yane é crescente e consistente, e o Ministério do Esporte se orgulha de contribuir com o aperfeiçoamento dela concedendo-lhe a Bolsa-Atleta, uma ajuda financeira para que os atletas brasileiros tenham melhores condições de se preparar para as disputas. Mas, mesmo correndo o risco de ser injusto com as demais, eu gostaria de destacar outras pentatletas que se destacam no Brasil, como a Larissa Lellys e a Priscila Oliveira, que também são bolsistas do nosso programa. Óbvio que necessitam alcançar um estágio mais avançado no ranking do pentatlo, mas esse é um processo contínuo que conta com o esforço da confederação, do Ministério e do COB, na tentativa de garantir-lhes boas condições de treinamento e competição, bons equipamentos, intercâmbio e outras formas de suporte.

4. O Campeonato Sul-Americano de 2011 é a mais recente atividade que a Confederação Brasileira de Pentatlo Moderno (CBPM) desenvolve no Complexo Esportivo de Deodoro, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Como o senhor vê o futuro de Deodoro no cenário esportivo brasileiro?

Para os Jogos Olímpicos de 2016, no Complexo de Deodoro estão previstas as competições de hipismo, tiro esportivo, esgrima e pentatlo moderno. Nos Jogos Paraolímpicos, três modalidades: esgrima em cadeira de rodas, hipismo e tiro esportivo. O centro de hóquei será um dos locais de treinamento dos Jogos Olímpicos. O Centro de Pentatlo terá a construção de uma arena de esgrima (que será também um ginásio poliesportivo permanente, um legado das Olimpíadas) e a montagem de um estande de tiro e uma pista de equitação, ambos em instalações temporárias, para completar suas instalações de forma a concentrar as competições em um só local. Além disso, em área contígua ao atual Complexo, está prevista a construção, pelo governo federal, do Parque Radical do Rio, ou X-Park, um centro de esportes radicais. Durante os Jogos de 2016, o parque abrigará três modalidades – canoagem slalom, ciclismo BMX e mountain bike, este em instalações provisórias – e, após as competições, permitirá maior aproximação dos esportes olímpicos com a juventude carioca e brasileira, porque vai dispor de quadras poliesportivas, campo de futebol, pistas de skate e parede de escalada indoor e acomodações para atividades físicas. Deodoro será um dos principais núcleos dos Jogos de 2016, e isso projetará as instalações em nível mundial. Ali próximo será construído o novo autódromo internacional do Rio. E também na região, o governo federal está construindo um centro de treinamento de badminton. Isso demonstra que o Ministério do Esporte aposta que Deodoro, nos próximos anos, se tornará um relevante polo esportivo do Rio de Janeiro e do Brasil, o que ajudará a desenvolver a região em termos de economia, turismo, urbanismo. Vale lembrar que a região de Deodoro é a que conta com maior índice de população jovem no município do Rio.

5. Em Deodoro, a CBPM também mantém há mais de dois anos um projeto para formação de atletas; muitos deles, inclusive, vão representar o Brasil no Sul-Americano. Como o senhor avalia o movimento das diversas modalidades no país de se investir na descoberta de novos talentos? É de interesse do Ministério do Esporte incentivá-las nessa prática?

Sim, claro. O Ministério tem apoiado na prática o trabalho de clubes e confederações para formação e desenvolvimento de talentos. Temos feito dezenas de convênios com as confederações para diversas finalidades, e uma das principais é o investimento em atletas e seleções de base. A Bolsa-Atleta é outro exemplo de investimento direto no atleta estudante ou de base. Lá mesmo em Deodoro há outras modalidades que fazem trabalho de base, caso do hóquei e do judô. O Ministério incentiva de todas as formas possíveis.

6. O Brasil tem demonstrado ao longo dos últimos anos uma elevada competência para organizar campeonatos internacionais. Provavelmente este foi um fator que pesou muito na escolhida do país para sediar as Olimpíadas de 2016. Que ações de apoio o Ministério do Esporte pode oferecer para que as confederações se habilitem nas concorrências para sediar competições de alto nível em nosso país até 2016?

O governo federal pode contribuir de várias formas. Uma delas é ajudando a qualificar as instalações esportivas do país. Outra é apoiar financeiramente a operação dos eventos. Outra é fazer a articulação entre as três esferas de governo para garantir melhor estrutura aos eventos. Ou ainda a colaboração técnica para montagem dos projetos. E sobretudo oferecendo o crescente prestígio internacional do Brasil como credencial para as entidades promotoras. Todas essas formas de apoio já vêm sendo utilizadas de algum modo na conquista dos eventos que já vieram recentemente ou que virão para o país.

7. Em 2011, alguns países perderam o privilégio de sediar importantes competiçoes mundiais. Por instabilidades políticas, o Egito não vai sediar mais o Mundial de Pentatlo Moderno e, por conta da recente tragédia no Japão, o Mundial de Ginástica Artística não vai acontecer mais no país asiático, por exemplo. Frente a essas alterações imprevistas, como o Brasil poderia se mostrar capaz de receber esses torneios?

O primeiro passo é a manifestação de interesse das confederações e outras entidades do esporte brasileiro. Havendo interesse, passa-se à articulação do projeto, à busca dos meios para viabilização e à interlocução com os promotores.

8. Voltando ao Sul-Americano, a competição vai definir os pentatletas que vão representar o Brasil nos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara. Quais são as expectativas do senhor em relação à participação do Brasil no Pan do México?

A expectativa é boa. O Pan é mais um degrau que nossos atletas sobem na preparação para os Jogos de Londres em 2012 e para outras competições de âmbito mundial. Precisamos dar todo apoio à equipe que irá a Guadalajara. Com tranquilidade e boa preparação, nossos atletas farão o seu melhor.

9. Arriscaria algum palpite também para os Jogos de Londres, em 2012?

Prefiro reiterar que o Ministério do Esporte vem investindo de modo crescente para melhorar o posicionamento do país no esporte mundial. Há investimentos diretos do orçamento da União, da Lei Agnelo/Piva, das empresas estatais e da Lei de Incentivo. Tudo com objetivo de que o Brasil desponte e se sustente entre os melhores do mundo. Nosso propósito, alinhado com os comitês Olímpico e Paraolímpico brasileiros, é alcançar um crescimento sustentável do esporte brasileiro, para que o bom desempenho que almejamos para 2016 seja progressivo a cada edição posterior dos Jogos Olímpicos e dos Jogos Paraolímpicos. Claro que, para 2012, ainda não veremos plenamente o resultado do planejamento e dos investimentos que vêm sendo feitos, mas esse é um processo gradual. Imagino que teremos melhor desempenho do que nos Jogos de Pequim, e isso será um bom resultado.


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