Quando a cidade sediou os Jogos Olímpicos pela primeira vez, modalidade que une cinco esportes distintos tinha outras regras em relação às praticadas atualmente
Os Jogos Olímpicos já sabem seu destino depois de Rio 2016. Após vencer a disputa contra Madri e Istambul na 125ª Assembleia do Comitê Olímpico Internacional (COI), no último sábado, 7, Tóquio conquistou o direito de sediar a competição depois da capital fluminense. Em 2020, o país realizará pela segunda vez o maior evento esportivo do planeta, assim como fez em 1964. Entre a primeira edição e a segunda terão passados 56 anos. Esse mais de meio século de tempo fará com que as Olimpíadas que serão realizadas daqui a sete anos tenham aspectos bem diferentes das disputadas há mais de cinco décadas.
As mudanças são muitas. A começar pelo número de modalidades. Em 1964, 21 esportes faziam parte do programa olímpico. Em 2020, serão 28. Além disso, há outras alterações dentro dos diferentes eventos disputados, como é o caso do Pentatlo Moderno. Desde que participou dos Jogos pela primeira vez, em Estocolmo 1912, a modalidade sofreu grandes mudanças, se modernizou e chegará a Tóquio 2020 bem diferente da forma que se apresentou em Tóquio 1964.
“A modernização das modalidades olímpicas é fator crucial para a sua manutenção na programação dos Jogos. A mídia clama por mais emoção no menor espaço de tempo possível de competição. E o público, além da emoção, quer facilidade para entender a contagem de pontos e os critérios para identificar os vencedores. Quanto mais o público e a mídia estiverem por dentro da competição, maiores as chances dos esportes, principalmente aqueles de menor visibilidade no panorama mundial, permanecerem nos Jogos”, defende Helio Meirelles, presidente da Confederação Brasileira de Pentatlo Moderno (CBPM).
Dentre as mudanças do Pentatlo Moderno de 1964 que será visto em 2020 está a duração da disputa. Há 56 anos, a modalidade se estendia por cinco dias, com um evento em cada um deles. Somente em Los Angeles 1984, o esporte mexeu na sua programação, reduzindo suas disputas a quatro dias. Uma nova reformulação sobre a duração dos eventos veio em Atlanta 1996, quando todas as cinco provas passaram a acontecer em um único dia, como é atualmente.
Por conta da distribuição do Pentatlo Moderno por cinco dias em Tóquio 1964, a ordem da realização das provas naquela época começava pelo hipismo, passando para a esgrima, o tiro, a natação e, por fim, a corrida. Hoje, os competidores passam pela luta de espadas da esgrima e pelos 200 metros estilo livre da natação na parte da manhã e realizam o salto de obstáculos com cavalo na equitação e o evento combinado de tiro a laser e corrida à tarde.
Tecnologia a laser aumentou segurança
Por falar em combinado, está aí outra grande diferença que Tóquio 2020 verá em relação a 1964. Na primeira vez que sediou os Jogos, a cidade viu o tiro e a corrida do Pentatlo Moderno acontecerem separadamente, cada um em seu dia. A partir de 2009, a modalidade resolveu unir as duas provas e fazer o evento combinado. Desde então, os competidores passam por séries de corrida intercaladas com acertos no alvo. Hoje, são quatro séries de 800 metros de percurso e 5 acertos de tiro a laser em cada uma delas.
O combinado também é o responsável por outra grande mudança no Pentatlo Moderno, uma das maiores já feitas. Um ano depois de agrupar o tiro e a corrida, a modalidade adotou a arma a laser na prova de tiro, substituindo o aparato de chumbinho empregado até então. Na Antiguidade, o tiro do esporte era ainda mais primitivo, utilizando arma de fogo. Com essas inovações, Londres 2012 foi a primeira edição dos Jogos Olímpicos com o Pentatlo Moderno tendo evento intercalado e empregando o armamento a laser.
“O Pentatlo Moderno ‘leu’ com muita atenção as recomendações emanadas do COI nos últimos anos, relacionadas à modernização. Porém, o desafio do Pentatlo neste campo era gigantesco, por vários motivos. Dois deles: uma tradição de 100 anos completados em Londres 2012 e a complexidade de juntar num mesmo dia cinco modalidades olímpicas bem distintas. Mas o ‘dever de casa’ foi feito nos últimos quatro anos agradando em cheio a área técnica do COI. A junção das provas de tiro e corrida, no chamado evento combinado, que encerra a competição, passou a agregar muita emoção e a tecnologia a laser no tiro, que além de dinamizar a prova, permitiu que a prática do esporte se estendesse com segurança para espaços ao ar livre e se tronasse inofensivo para as crianças”, avalia Helio.
E as mudanças não param por aí! Somente muito depois de Tóquio 1964, as mulheres ganharam espaço na disputa olímpica do Pentatlo Moderno. A estreia feminina só aconteceu em Sidney 2000 e hoje tem tanta importância quanto o evento masculino.
O número de competidores também variou bastante. Em 1964 eram 37, dentre eles o brasileiro José Pereira – que terminou em 28º (o ouro foi para o húngaro Ferenc Török, a prata para o soviético Igor Novikov e o bronze para Albert Mokeev, também da União Soviética). Em Atlanta 1996, o número de pentatletas foi reduzido para 32 (ainda somente com homens). Já quando as mulheres entraram na disputa, em 2000, cada evento passou a ter 24 nomes. Em Atenas 2004 foi feita uma nova alteração e cada disputa passou a contar com 32 competidores. Quatro anos depois, em Pequim 2008, chegou-se aos 36 participantes em cada evento, o que permanece até hoje em todas as finais de competições do Pentatlo Moderno.
Ainda envolvendo a dinâmica de eventos do Pentatlo Moderno nos Jogos Olímpicos, em Tóquio 1964 havia tanto a disputa individual quanto a por equipes (só masculina, claro). Hoje, nas Olimpíadas, tanto homens quanto mulheres só competem pela medalha individual. As premiações por equipes estão presentes em outras competições da modalidade, como os mundiais, por exemplo.
Federação deseja estádio exclusivo
Mesmo diante de tantas transformações, a modalidade continua querendo se modernizar ainda mais. A União Internacional de Pentatlo Moderno (UIPM) já manifestou publicamente interesse em fazer com que, nos Jogos Olímpicos, todas as cinco provas do esporte sejam disputadas em uma única arena, o ‘Pentathlon Stadium’.
No projeto de Rio 2016 não houve tempo hábil para incluir a proposta e as provas vão acontecer em diferentes instalações no Parque Olímpico de Deodoro, na Zona Oeste da cidade. O projeto de candidatura de Tóquio 2020 colocou as disputas do Pentatlo Moderno em duas arenas, uma bem próxima da outra. Mas até lá, a UIPM certamente concluirá negociações com os organizadores a tempo de incluir o Pentathlon Stadium nos Jogos.
Em vários dias ou em um, com evento por equipe ou somente o individual, o que certamente o Pentatlo Moderno em Tóquio 2020 vai proporcionar como fez em Tóquio 1964 é a emoção na briga por um lugar no pódio. Afinal, como os esportistas mais completos, como são tidos os pentatletas, os competidores que vão se enfrentar nas arenas da cidade japonesa não vão se esquecer da alcunha de superatletas que têm. É o Pentatlo Moderno cada vez mais ‘Ultra Moderno’.
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