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De espectadora à atleta do Pentatlo Moderno

27/09/2011 10h50
CBPM

Priscila Oliveira, que no Pan do Rio viu a cerimônia de abertura na plateia do Maracanã, vai para Guadalajara como atleta da delegação brasileira do Pentatlo Moderno

Em 2007, ela era uma das mais de 90 mil pessoas presentes no Estádio Jornalista Mário Filho para a cerimônia de abertura dos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro. Atenta a tudo o que se passava no Maracanã, traçava ali sua meta para os próximos quatro anos: competir no Pan de Guadalajara.

Conquista do bicampeonato sul-americano em 2011Após enfrentar uma seletiva nacional de quatro etapas, realizada durante o último ano, Priscila Oliveira viu seu sonho se tornar realidade. E a coroação foi digna para uma campeã. A atleta do Pentatlo Moderno conquistou o direito de representar o Brasil no Pan do México depois de se tornar bicampeã sul-americana, em junho passado, no Rio de Janeiro.

Daqui a duas semanas, passará pelas provas de esgrima, natação, hipismo e o evento combinado de tiro e corrida ao lado dos brasileiros Yane Marques, Luis Magno e Wagner Romão em Guadalajara.

“Já estava muito feliz de ter conseguido o título em 2010 no Equador, com toda aquela altitude. Neste ano, o Sul-Americano do Rio era o meu principal objetivo do primeiro semestre e esperava ter um ótimo resultado, o que consegui cumprir. A vaga pan-americana foi uma emoção à parte”, conta Priscila.

A pernambucana vai participar da principal competição do continente aos 22 anos de idade e com seis anos de Pentatlo Moderno. Uma boa surpresa, tendo em vista que o tempo médio mundial para a formação de uma pentatleta de ponta é de oito anos.

A revelação do centro de treinamento da Confederação Brasileira de Pentatlo Moderno (CBPM) em Recife chegará ao México como a 24ª melhor pentatleta do mundo, segundo a União Internacional de Pentatlo Moderno (UIPM). No ranking brasileiro, está na segunda colocação.

Até meados de setembro, quando recebeu do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) o material oficial para a competição no México, ainda não tinha a real dimensão de que iria competir em Guadalajara. “Minha expectativa é de dar o meu melhor resultado. Quero estar no pódio para conquistar uma boa pontuação e me manter bem no ranking”, espera.

Priscila pode ir muito além. No Pan mexicano, estão em jogo quatro vagas para as Olimpíadas de Londres, no ano que vem. Pelo regulamento de qualificação da modalidade para os Jogos da Inglaterra, estarão garantidas as medalhistas de ouro e prata e as melhores atletas sul-americana e Norceca (das Américas do Norte e Central). As quatro devem ser de países diferentes.

Apesar de sonhar com a vaga olímpica, a pentatleta se diz realista, acreditando no potencial da companheira de treinamento, a também pernambucana Yane Marques, que vai para Guadalajra em busca do bicampeonato. “Mesmo se eu for para o pódio, Yane estará lá também e a vaga será dela. Se ela conseguir, já estarei feliz por garantirmos uma representante em Londres”, visualiza.

Caso não consiga se classificar no México, Priscila terá outras duas oportunidades de conquistar uma vaga para Londres 2012. A primeira delas será no Mundial do ano que vem, em maio, na Itália, quando estarão em jogo três vagas. A segunda, é a mais aguardada, será pelo ranking mundial de junho, que levará 13 pentatletas para a Inglaterra.

Se a qualificação pelo ranqueamento fosse hoje, Yane e Priscila estariam classificadas, alcançando uma marca inédita para o Brasil, que teria duas pentatletas em uma Olimpíada, o máximo permitido por país.

Culpa do tênis

Priscila nos saltos do hipismo durante os Jogos Mundiais MilitaresO contato de Priscila Oliveira com o esporte vem de muito tempo atrás. Com três anos de idade, começou a praticar natação na escolinha que a mãe, a professora de Educação Física e enfermeira Luciane Oliveira, mantinha. Por cinco anos, as braçadas que dava eram só por diversão.

Aos oito anos, já participava de disputas na modalidade, competindo nas piscinas até os 17 anos. Nos quase 15 anos de natação, conquistou um vice-campeonato brasileiro nos 200 metros costas.

“Eu gostava muito daquela época. Mesmo assim, minha mãe falava que se eu fosse me dedicar ao esporte, era para levar muito a sério. Nem precisava, eu já estava decidida a seguir em frente”, lembra.

Viveu a infância e a adolescência no mundo esportivo. E tudo por prazer. Quando perguntada se deixou de vivenciar sua jovem idade por causa do esporte, prontamente diz “não perdi nada”. Para a pernambucana, a companhia de amigos de treinamento era intensa e o bastante para continuar fazendo o que queria.

“É claro que teve uma ocasião ou outra em que eu não pude ir a uma festa porque iria terminar tarde e eu teria que acordar cedo no dia seguinte para treinar. Por outro lado, tudo isso valeu muito a pena para o meu crescimento como atleta e pessoa”, acredita.

As braçadas que dava nas piscinas de Recife a levaram até o Pentatlo Moderno. Há cerca de seis anos, então com 16 anos de idade, nadava no mesmo clube de seu atual técnico na capital pernambucana, Michael Cunningham. Na época pentatleta, Cunningham falou sobre um biatlo (natação e corrida) que aconteceria na cidade, com premiação para os melhores. O grande objeto de desejo dos vencedores: um par de tênis.

“Eu estava precisando de um tênis e só teria que nadar e correr para conseguí-lo. Já nadava e corria algumas vezes por semana, então estava muito confiante de que sairia vencedora”, conta.

E saiu! Mas o prêmio não foi o que queria. Pelo primeiro lugar em sua categoria, ganhou uma camiseta. O tênis foi entregue ao vencedor da categoria principal. Só não ficou decepcionada, porque o que começou em busca de um calçado para os pés, terminou com algo que foi muito além do imaginado.

A pernambucana foi convidada para fazer parte da equipe de Pentatlo Moderno local. Aceitou a proposta e começou a inserir a nova modalidade em sua rotina. No início, treinou somente a natação e aos poucos foi acrescentando os cinco esportes ao seu dia a dia.

Em menos de um ano depois, Priscila encarava sua primeira competição fora do país, o Pan-Americano da modalidade, realizado na Cidade do México. Começava sua vida de disputas internacionais com o pé direito. Subiu ao pódio para receber a medalha de bronze na categoria que competia, a Júnior.

Nos anos seguintes, iria somar outras importantes conquistas à sua carreira e já na principal categoria do esporte, a Sênior. Foi medalha de bronze no Sul-Americano de 2007 e de 2008, por exemplo.

O grande salto

Já com ótimos resultados nas competições que participava nos primeiros anos de Pentatlo Moderno, Priscila Oliveira já aparecia como uma atleta em potencial na modalidade para o Brasil. A pernambucana treinava cada vez mais intensamente, não deixando passar nenhuma oportunidade que lhe aparecia no esporte.

A pentatleta na Etapa da Copa do Mundo da HungriaFoi assim que se interessou em se tornar atleta militar do Exército Brasileiro. Em 2009, ficou sabendo de um edital para Sargento temporário especializado em atividade física de alto rendimento e resolveu concorrer à única vaga disponível. Como não é de entrar no jogo para perder, foi aprovada nos testes e hoje também integra a Comissão de Desportos do Exército no Rio de Janeiro (CDE-RJ), tendo como técnico o Major Alexandre França.

A convocação foi feita pensada na quinta edição dos Jogos Mundiais Militares, que aconteceu em julho passado na capital fluminense. Nos dois anos de preparação para o torneio, Priscila se revezou entre Recife e o Rio para aperfeiçoar suas marcas.

“O treinamento para os Jogos Militares foi extraordinário. Foi um investimento muito bem feito, onde tivemos apoio em vários aspectos: na alimentação, em materiais para todas as modalidades e nas instalações, que estão muito bem conservadas. Tivemos ainda a oportunidade de participar de diversas competições internacionais”, enumera.

A preparação culminou com o melhor resultado do Pentatlo Moderno brasileiro em um Mundial Militar. Nos Jogos Rio 2011, conquistamos quatro medalhas, dentre elas o ouro na disputa feminina por equipes, onde Priscila subiu no lugar mais alto do pódio ao lado de Larissa Lellys e Yane Marques.

“Foi a consequência desse investimento que o Exército fez na gente. Toda a atenção que tivemos, pudemos retribuir da melhor forma possível, dando o nosso melhor resultado e conquistando as medalhas”, diz.

A participação nos Jogos do Rio e o bicampeonato sul-americano foram as conquistas mais marcantes que Priscila teve em 2011, até o momento. A pentatleta esteve ainda em duas etapas da Copa do Mundo: a Primeira, em fevereiro, nos Estados Unidos, e a Terceira, na Hungria. Na segunda semana de setembro, participou do Mundial Sênior, na Rússia.


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